Há cerca de 5.000 anos atrás, ainda em época neolítica, nas altas montanhas da China eram realizadas as primeiras leituras oraculares da humanidade, de que se tenha conhecimento.  Perante uma situação que inquietava o indivíduo ou a tribo, o xamã era chamado a interpelar as forças do universo no sentido de obter as tão ansiadas respostas. Ossos de omoplatas de animais ou carapaças de uma espécie especifica de tartaruga eram submetidas à acção do fogo, e as fracturas que neles surgiam eram interpretadas e os mistérios desvendados.

 

Com o surgimento da escrita, este conhecimento foi sendo sistematizado e organizado tomando corpo e estrutura na forma de textos que dão vida a um livro que não deixa indiferente quem o consulta. Durante séculos tem sido estudado por filósofos, políticos, psicólogos e eruditos das mais diversas áreas, quer como texto de sabedoria e cariz filosófico, quer como suporte oracular. 

 

O I Ching ou YiJing, conhecido no ocidente como “Livro das Mutações”, é considerado uma das mais antigas e importantes obras editadas pela humanidade.

É pelo reconhecimento do seu  poder incomparável e da sua linguagem universal que o I Ching não encontrou, nem encontra, objeções de natureza religiosa ou cultural. Nascido no oriente encontra no ocidente receptividade e admiração.

 

​Duas grandes escolas se desenvolveram a partir da Filosofia do I Ching: a  “Escola Filosófica e Académica” que se baseia no estudo dos textos clássicos e a “Escola da Imagem e Numerologia”. Esta última, baseia as suas interpretações na imagem e numerologia dos símbolos do I Ching,  obtidos quer pela observação de fenómenos, quer por diversos meios específicos usados na obtenção de respostas.

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Shao Yong, filósofo, poeta e alquimista, ciente da dança síncrona entre os ritmos próprios da trama cósmica à qual o Homem está intrinsecamente conectado e os fenómenos que se fazem manifestar, faz honra a cada sinal e ocorrência na vida e interpreta-os  à luz do I Ching . 

 

O acaso é descartado por não existir. Sons, palavras, cores, objetos, animais, acontecimentos, frases, factos e tudo quanto se manifesta e chama a atenção, são um presságio que revela a realidade como ela é, e é traduzida à consciência através da  linguagem e sabedoria do  oráculo. 

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As imagens do I Ching que daí resultam são  interpretadas intuitivamente, sem o recurso aos textos escritos, descrevendo tanto a realidade visível, manifestada e perceptível pelos sentidos, bem como as características da mudança que se avizinha, assim como as potencialidades existentes mas ainda não reveladas.

 

A Shao Yong deve-se o método da Flor de Ameixeira cujas possibilidades de interpretação oracular são surpreendentes e desta derivam vários outras, entre as quais se destaca o método “Segue o Coração”

 

Eu sigo o Coração.